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Foto do escritor Amici Allegri

MERLE: que tal um pouco mais de genética?!

Atualizado: 27 de jan. de 2021



Nossa, como recebemos questionamentos sobre a pelagem Merle. E, curiosamente, são pessoas apaixonadas pela pelagem, mas, ao mesmo tempo com medo/receio.

De antes mão, vamos ser categóricos.

Pode ter problema sim! Por isso, analise muito bem a procedência do filhote.


Vamos te explicar tudinho. Você irá perceber que não é nada complicado, basta adquirir seu filhote de um canil de verdade. Nesse ponto é que as cruzas "caseiras", mesmo que sem maldade, podem ser perigosas para a raça.


Vamos aos fatos!

Muito se diz por aí, algumas lendas... então vamos te apresentar argumentos e explicações genéticas para que você possa saber o que é correto e o que não é.


O gene Merle atua na pigmentação da Eumelanin ( já visto aqui em outra postagem - Leia Aqui! ), levando a uma distribuição e diluição completamente aleatória do pigmento preto e suas variantes, deixando os cães com manchas de tamanhos e tons variados, semelhantes a uma pedra de mármore (daí o nome da cor, Merle). Este gene atua tanto no preto como no marrom e vai além da pelagem, podendo modificar também a cor dos olhos. É muito comum que cães merle apresentem heterocromia (um olho de cada cor, ou mais de uma cor no mesmo olho - marmorizados) ou ambos os olhos azuis (tem postagem sobre isso também - Leia Aqui!)


A cor merle é uma característica dominante, com cães que possuem uma cópia do “gene merle” (Mm) apresenta este padrão, enquanto cães com duas cópias do “gene normal” (mm) teriam a pelagem com qualquer outro padrão de coloração. E, o grande problema é quando a cópia apresenta duplo gene dominante homizigoto (MM).



Um pouco sobre genética


Os folículos do pelo são constituídos de células contendo dois pigmentos – Eumelanin e Phaeomelanin (conforme esse post aqui, você entende mais sobre o assunto - Leia Aqui ). Existe uma enorme quantidade de genes que controlam a produção destes pigmentos dentro das células e então se apresenta a pelagem, assim como a ausência de pigmentação também resulta em cor – a branca, no caso. Tais genes, que controlam as características, estão presentes sempre em pares, sendo um herdado do pai e outro da mãe. Um gene expressado por letra MAIÚSCULA é DOMINANTE e um representado com uma letra minúscula, é recessivo.

M = Merle

m = não merle

Merle é dominante (representado assim, pela letra maiúscula M)


Quando um animal tem dois genes idênticos, é chamado homozigoto e quando possui dois genes diferentes, ele é heterozigoto.

MM = Merle homozigoto (dois genes iguais)

Mm = Merle heterozigoto (os dois genes são diferentes)


Quando o gene é dominante, o animal só precisa de uma cópia (vinda de qualquer um dos pais) para que a cor se manifeste. Quando o gene é recessivo, o animal PRECISA ter duas copias dele para que a cor possa aparecer no fenótipo (resultado final), então deve obrigatoriamente receber um do pai e outro da mãe.


Sendo assim, os genes recessivos tornam-se “carregados”, ou seja, o animal possui apenas uma cópia dele que não é mostrada na coloração, mas que pode ser transmitida a sua prole.


Sendo um animal heterozigoto para um determinado gene (possui uma copia de cada), ele estatisticamente irá transmitir o gene dominante para 50% da ninhada e os outros 50% receberão o gene recessivo. Sendo ele homozigoto, irá transmitir o mesmo para toda a ninhada.


O padrão Merle é determinado por um gene dominante (M), foi identificado no cromossomo canino 10 (CFA10) e possui 2 alelos "M" e "m", assim sendo, é necessária apenas uma cópia deste gene para que o cão manifeste tal coloração (precisando apenas que um dos pais apresente a cor para que ela se manifeste na ninhada).


A grande maioria dos cães Merles é heterozigoto (Mm), isto é, só apresentam uma cópia do gene. Quando se faz um cruzamento Merle x Merle, irá se obter uma ninhada onde uma parte

(aproximadamente 25%) dos filhotes serão homozigoto (MM). É nesse caso que ocorrem os problemas. Existe uma grande quantidade de problemas de saúde causados por essa combinação genética, tais como: surdez, cegueira, anomalias oculares (como a redução do tamanho do globo ocular e algumas vezes a ausência do mesmo), infertilidade, etc.

Normalmente estes cães são fáceis de identificar por serem excessivamente brancos com ausência de pigmentação (olhos, trufa, boca, almofada das patas) e têm olhos pequenos e/ou mal formados. Devido a estes problemas, dois cães Merle não devem NUNCA acasalar e nenhum criador responsável chegaria a cogitar tal hipótese.


Quanto a Merles normais heterozigotos (Mm), não existe nenhum problema de saúde conhecido ou cientificamente provado associado a tal coloração, tornando-se assim um mito afirmar que todo cão Merle é portador de algum tipo de defeito genético.


Mas notem: não é pelo fato de o cão ter o branco como cor predominante, que o torna um duplo Merle (MM). Inúmeras raças com o gene atuante sobre o Merle, também possuem os genes que atuam no alelo "s" (responsável pela manifestação da cor branca em cães). Ou seja, quando há a combinação do alelo "s" ao "Mm", o indivíduo se torna um Branco Merle. Por isso torna-se fundamental conhecer a linhagem do animal em questão, antes de qualquer conclusão precipitada.


Aparentemente, um dos motivos que leva um cão merle a ter problemas auditivos e/ou oculares é a quantidade de pigmento em tecidos próximos ao olho (e também no olho) e ao ouvido: quanto menor a pigmentação, maior a chance de problemas oculares. Animais merle que, por acaso, possuem estas regiões com pigmentação, dificilmente terão estes problemas associados. Como a deposição de pigmento é uma questão completamente aleatória, dentro de uma mesma raça, acaba por ser uma questão de sorte ou azar o cão apresentar ou não problemas.


Merle “Fantasma”

Agora vamos começar a complicar um pouco. Existem genes epistáticos que são capazes de inibir o gene Merle, ou seja, o cão poderá ter pelagem normal, mas por ser portador do gene merle e capaz de produzir filhotes merle.

Cães com o gene Merle oculto, ao contrário do Merle tradicional, não apresentam problemas de saúde. O maior problema, do ponto de vista genético, é que estes cães serão registrados como não Merles erroneamente. E, leigos, ou “falsos” criadores podem acabar realizando cruzas com outros Merles.


Outro ponto, como já explicado acima, cães que sejam Merle heterozigoto (Mm) são animais completamente normais, e para que isso se mantenha, devem ser acasalados com cães de outras colorações (não Merles). Entretanto, há uma cor que pode trazer um certo risco nestes cruzamentos: o dourado.


O gene de extensão, como o nome já diz, é o responsável pela extensão dos pigmentos no folículo do pelo. Ele é representado pela letra “e” onde (E – maiúsculo) é dominante e permite a extensão da Eumelanin, sendo assim o cão é marrom ou preto, e (e – minúsculo) é a forma recessiva do gene e permite a extensão da Phaeomelanin e previne a extensão da Eumelanina, ou seja, não há presença de Eumelanina no pigmento e o cão é dourado.


O que é interessante sobre este gene, é que ele irá mascarar a cor verdadeira do animal. Você poderá ter cães pretos, marrons, azuis e lilases que irão aparentar serem dourados pela falta de Eumelanina no folículo do pelo. O gene Merle não poderá se expressar nos cães dourados verdadeiros (lembrando que o Merle atua na Eumelanina), portanto, fazer um cruzamento Merle x Dourado (a não ser que se conheça muito bem e a fundo as linhagens) é loucura.


Caso o Merle carregue o gene dourado, provavelmente produzirá os chamados “Merles fantasmas”. Então, é possível que filhotes dourados nascidos de um dos pais Merle, sejam na verdade Merles e você simplesmente não possa ver. Não seja enganado por aqueles que dizem poder ver o Merle em filhotes ‘ee’, pois isso é química e fisicamente impossível. O risco está nestes filhotes serem inadvertidamente cruzados com cães também Merles, sendo assim um cruzamento Merle x Merle, e como já sabemos, poderá resultar no nascimento de filhotes com vários problemas.


Um erro, em NOSSA opinião, é a tentativa de inserir fortemente a pelagem Merle em criações, ou de reproduzir preferencialmente cães com esta pelagem. Estes criadores denominam, assim, o Merle como “pelagem exótica” como apelo de marketing para um público que não tem conhecimento sobre o que isto significa, sem conhecimento do que isso pode acarretar, comprem a ideia, pagando fortunas por isso, incentivando cada vez mais esses "cruzamentos forçados".

Pelo “alto custo” do exótico, se passa por cima do estudo genético e sinceramente acreditamos que não vale a pena ver tantos exemplos de cães com problemas sérios de saúde, cegos e surdos apenas pelo prazer do diferente.


RESUMO de TUDO isso: tome cuidado ao querer fazer cruzas com cães que você não conhece. Evite o cruzamento Merle. Não force esse tipo de nascimento. O gene Merle pode estar presente, vindo de gerações passadas e se manifestar de forma natural e saudável.




Fonte:

http://www.vetstreet.com

https://www.akc.org

https://www.dogzone.com

https://vidanimal.com.br

https://canaldopet.ig.com.br

https://pets.webmd.com/

https://br.pinterest.com/

https://www.akc.org/dog-breeds/pomeranian/

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